Não é à toa que a Alemanha é referência mundial no assunto de cerveja. Dominando os padrões de qualidade, seja na engenharia, na organização ou na disciplina, os alemães são sempre vistos como um parâmetro respeitável quando se trata da produção da bebida. Mas a razão disso tudo está em uma das lições mais antigas do mundo cervejeiro – a Lei da Pureza da Cerveja (ou Reinheitsgebot).

Promulgada na Alemanha no século XVI, essa lei conferia uma regulamentação que determinava o que uma cerveja de qualidade deveria conter em sua composição e como sua produção deveria ser realizada. Basicamente, alguns fatores eram levados em consideração no momento de fazer uma cerveja, os quais você conhecerá neste artigo.

Os ingredientes da lei

Como naquela época a humanidade não tinha ciência da levedura como ela é hoje, a introdução deste elemento era bem diferente e não constava no texto original. Em 1516, ano da promulgação da Reinheitsgebot, o texto fazia citação da cevada como único malte permitido, em vez do malte mais abrangente que conhecemos hoje.

O texto original contemplava apenas água, cevada e lúpulo. A adição das leveduras só foi realizada muitos séculos depois e, conforme as determinações da lei, a água deveria ser límpida e cristalina para garantir pureza e qualidade, enquanto o lúpulo seria fundamental para conservar a bebida e dar notas de amargor e aroma de acordo com o resultado desejado.

Imagem: uirá uirá – Pixabay

Atualmente, muitos são os grãos utilizados para produzir a bebida, como o trigo, por exemplo. Além disso, há quem diga que a lei não permitia, na época, a utilização de trigo em decorrência de sua escassez na região, devendo ser economizado para a produção de pães.

A história da lei

O duque Guilherme IV da Baviera foi o responsável pela promulgação da lei – em 23 de abril de 1516 – que impactou diretamente no estilo de produção e consumo da cerveja em toda a Alemanha durante muitos séculos. A lei se tornou um sucesso até mesmo fora da Baviera, sendo até hoje caracterizada pelos alemães como um padrão de qualidade inigualável.

Mas vale lembrar que antes mesmo da promulgação da lei de 1516 já existiam outras leis que restringiam os ingredientes e os métodos de produção da cerveja em outras regiões que hoje formam a Alemanha (visto que o país só foi unificado em 1871).

Em 1906, pouco depois da unificação da Alemanha, ela foi adotada como lei nacional. Após a Segunda Guerra Mundial, no entanto, o decreto sofreu modificações para ser incorporado a uma regulamentação federal para a taxação da cerveja em todo o país (Biersteuergesetz). Nas cervejas de fermentação elevada foram autorizados, além do malte de cevada, o malte de outros cereais e um número limitado de açúcares e corantes.

Imagem: Claude Piché – Unsplash

Por fim, uma maior liberdade quanto aos ingredientes e à fabricação foi concedida às cervejas destinadas à exportação. E apesar de todas as modificações sofridas, os padrões de qualidade mais antigos da lei ainda são muito respeitados pelos alemães até hoje.

Conclusão

A Reinheitsgebot teve uma importância indiscutível para a história da cerveja, e nos dias atuais serve como base de inspiração – principalmente para os novatos no mundo cervejeiro – para a produção da bebida em todo o mundo, embora ainda seja seguida pelos alemães.

Mas vale ressaltar que seguir as regras da Lei da Pureza para fabricar cerveja não são um sinônimo de produzir cerveja de qualidade. O que vale é utilizar a criatividade e, claro, realizar corretamente todas as etapas do processo de produção da bebida.

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